Um Simples Olhar

Um simples olhar
Eu precisava escrever. Mas, não só escrever. Queria sentir e fazer todos sentirem a importância das minhas palavras que revelam minhas emoções. Só que necessitava de algo simples e ao mesmo tempo encantador. Acima de tudo precisava falar do lugar que me fascina, que me deslumbra, me seduz, o lugar onde vivo.
Minha mente buscava assuntos, acontecimentos, sentimentos. Mas, ao mesmo tempo travava, era um descontinuo uma interrupção de pensamentos, como se todo meu passado neste lugar não existisse. Isso me decepcionava! Meu coração se partia. Como pude viver tantos anos nesta cidade e nada me ocorria à cabeça?! Foi quando uma luzinha acendeu-se. Não poderia escrever sobre o presente? Da simplicidade do que agora acontecia?
Pois bem, então, sentei-me na varanda de casa. O céu azulado não possuía tantas estrelas. Passavam poucas pessoas por ali que mais pareciam com robôs. Nenhuma me levava a crer na existência de um coração. Não digo que fossem más, entretanto, estavam cegas pelo seu destino.
O silêncio era tão grande que cheguei a me assustar com uma mulher, entoando músicas religiosas. Mas, logo ela desapareceu da minha vista. Afinal, estava só andando na via.
Meu olhar permaneceu um pouco distraído, observando a imagem que algum dia seria apenas uma lembrança. E me perguntava: por que nos tornamos tão insensíveis? Por que as pessoas que passavam não sorriem? Por que o medo não nos permite viver cada momento, cada cheiro e sentimento? Por que um dia nessa rua parece ser só mais um dia? Por quê?
Talvez, se tivéssemos a perspicaz de um poeta, os versos seriam vividos com uma maior intensidade a partir de um instante como se este fosse raro, precioso, único para ser absorvido, não seria como outro qualquer.
Esperei alguns momentos e decidi entrar em casa. Esqueci o lápis e o caderno, mas não as emoções da noite em uma rua tão comum.