Um olhar filosófico sobre a violência
Quando assistimos algum programa de televisão sobre violência, é inevitável que o enfoque principal seja o roubo a mão armada, o assassinato e o estupro, enfim, os atos de indivíduos isolados que amedrontam as famílias nas grandes cidades. Geralmente os programas terminam com a reivindicação de maior proteção por parte da Segurança Pública. Sem desconsiderar o fato do aumento real desse tipo de criminalidade, é preciso abordar o fenômeno da violência a partir de uma visão mais abrangente, pois nem sempre suas piores formas “saltam aos olhos”.
Além disso, estamos acostumados a fazer uma avaliação do perigo segundo a perspectiva dos segmentos de classe média e alta, que residem nas cidades e têm maior acesso à mídia e aos canais de reivindicação. Dessa forma, é dado destaque à violência que atinge os indivíduos e seus interesses particulares, sobretudo a propriedade privada. E ignoramos a violência que ocorre permanentemente nos bairros da periferia, bem como os conflitos do campo.
Todos aqueles que são atingidos pela violência transforma-se em vítima, pois são prejudicados de alguma forma pelo uso da força ou privados de algum bem, seja ele a vida, a integridade do corpo ou do espírito, a dignidade, a liberdade de movimento ou os bens materiais. Por isso constitui violência matar, ferir, prender, roubar, humilhar, explorar o trabalho alheio. (ARANHA, 1987, p. 57)
A violência tem sido objeto de atenção de sociólogos, filósofos, psicólogos e cientistas políticos desejosos de compreender a ampliação do fenômeno nos mais diversos campos da atividade humana. Desde a década de 70, temos visto subir assustadoramente os índices de violência urbana no mundo inteiro.
Os tipos de violência variam conforme o país e, evidentemente, dependem também do desenvolvimento econômico. Mesmo assim, seja nos países centrais ou nos periféricos, aumenta a preocupação com os casos de seqüestros, estupros, assaltos a mão armada e até roubo de