Um lugar para todos
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Parece mentira, por tratar-se de algo inconcebível, que, sendo a Natureza tão pródiga e a Terra tão vasta, ainda não tenha sido possível encontrar um lugar onde cada homem possa viver sem necessidade de disputá-lo constantemente com outros, por não se ter achado até hoje a forma de garantir, mediante rígidas leis humanas, a ordem, a justiça, o direito e a liberdade de cada indivíduo e, por conseguinte, de todos os povos que habitam e constituem o mundo.
O contraste que existe entre a vida do campo e a da cidade parece querer indicar que, quanto mais o ser humano se afasta do contato com a Natureza, mais se artificializa e automatiza
O contraste que existe entre a vida do campo e a da cidade parece querer indicar que, quanto mais o ser humano se afasta do contato com a Natureza, mais se artificializa e automatiza, perdendo, assim, grande parte de seu aprumo e generosidade. Daí que seja dado ver, muitas vezes, até onde chegam os egoísmos e os pensamentos com marcantes matizes de violência, que caracterizam a intolerância.
Se cada um buscasse seu lugar para viver no mundo e se achasse tão feliz de ocupá-lo quanto de ver os demais ocupando felizes os seus, a vida se tornaria plácida e grata para todos; mas bem vemos, por toda parte, claros indícios da comoção que hoje os homens experimentam, por querer mais do que lhes corresponde, ou por pretender ser mais do que em realidade são. Diante desse quadro de incompreensão humana, diríamos que haverão de estilhaçar-se todos os esforços em prol de um aperfeiçoamento in crescendo das leis e das instituições; entretanto, não é assim, visto que, à medida que se criam as dificuldades, surge a exigência de soluções que o homem deve buscar por todos os meios a seu alcance, a fim de fazer frente às consequências de seus erros ou desvios. Isso propiciará a sustentação de novas formas que conferem as necessárias defesas para o gênero humano, em sua condição de