Um incentivo às doações
Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, o país que mais doa no mundo, faltam estímulos tributários para expandir a filantropia no Brasil
Luís Guilherme Barrucho
O MAIOR FILANTROPO
A fundação de Bill Gates (abaixo, à direita) já doou 4,5 bilhões de dólares para a vacinação de 250 milhões de crianças em países pobres
(Gates Foundantion)
No poema-manifesto Aos Pobres, publicado em 1830, o escritor francês Victor Hugo convoca os leitores a fazer doações aos mais necessitados, sob pena de se afastarem do éden bíblico. Apologista da meritocracia, Victor Hugo acreditava que o enriquecimento não prescindia da caridade. O pensamento do poeta foi remodelado nos últimos anos. A filantropia deixou de ser vista apenas como uma mão que se estende aos mais pobres. As contribuições são tratadas como um investimento. As principais instituições filantrópicas precisam entregar resultados e multiplicar o alcance do dinheiro a elas doado. Não por menos, Bill Gates e Warren Buffett, os homens mais ricos dos Estados Unidos, estão por trás da campanha lançada no país para convencer quarenta compatriotas bilionários a doar metade de sua fortuna. Os americanos contribuem anualmente com 300 bilhões de dólares (ou 2% do PIB do país), dinheiro equivalente às despesas do governo federal no Brasil em 2009. Além de se tratar de uma questão cultural, presente desde a fundação do país, as doações nos Estados Unidos atingem tal volume em razão dos incentivos fiscais e da idoneidade das entidades filantrópicas, que costumam dar melhor destinação aos recursos que iriam para o setor público. A fundação mantida por Bill Gates e sua esposa, Melinda, por exemplo, com patrimônio estimado em 33 bilhões de dólares, está financiando a vacinação de 250 milhões de crianças em países pobres, principalmente na África. O mesmo dinheiro, se doado a governos africanos corruptos, nunca chegaria ao seu destino.
No Brasil, a benevolência ainda engatinha. Segundo um estudo da