Um estado de mal estar na Europa
A morte de 1.750 migrantes em 111 dias obriga Bruxelas a mudar de política. Não necessariamente para melhor inShare13 Guardia Costeira/AFP
24 sobreviveram a um naufrágio equivalente a meio Titanic
Em 12 de abril, 400 migrantes africanos e árabes morreram entre a Líbia e a Itália em um naufrágio de um barco superlotado. Por si só, uma tragédia chocante, mas relegada a cantos de páginas e alguns segundos do noticiário da tevê, em contraste com a cobertura exaustiva da morte de 150 europeus em um desastre aéreo, para não falar dos 12 de um atentado.
Cinco dias depois, The Sun, o mais popular jornal britânico, destacou com o qualificativo de “brilhante” uma coluna de sua estrela Katie Hopkins – uma Sheherazade de luxo –, “tão odiosa que faria Hitler hesitar”, nas palavras de um colega do The Independent. “Barcos de resgate? Eu usaria canhoneiras para parar os imigrantes”, era o título, e a partir daí piora. “Não, eu não ligo. Mostrem-me fotos de caixões, mostrem-me corpos flutuando na água, toquem violinos e me mostrem pessoas magras e tristes. Eu ainda não ligo. Não precisamos de outro projeto de resgate. A agora defunta Mare Nostrum, de 7 milhões de libras por mês foi paga em parte por contribuintes britânicos. O que precisamos é de canhoneiras para enviar esses barcos de volta ao seu país. Algumas de nossas cidades são chagas purulentas, infestadas de enxames de imigrantes e refugiados que gastam dinheiro de benefícios sociais como se fossem notas de Banco Imobiliário. Não se enganem, esses migrantes são como baratas. Parecem fotos de fome da Etiópia em 1984, mas foram feitos para sobreviver a uma bomba nuclear. São sobreviventes. Uma vez que as canhoneiras os tenham forçado a voltar, os barcos precisam ser confiscados e queimados.”
A maioria dos britânicos poderia ter dado de ombros a mais um exercício de retórica xenófoba na reta final de uma campanha eleitoral na qual