Um discurso sobre ciências
Obra que nasceu de uma palestra de Boaventura, nos anos 80, aborda a crítica da visão positivista das ciências que se encontram em declínio e sua sucessiva substituição por novos paradigmas científicos originados nas ciências sociais.
Boaventura expõe em sua obra os fundamentos da representação da verdade através do conhecimento cientifico. Este, segundo o autor, é construído desde que sejam moral e eticamente aceitos, embora a ciência tenha avançado, o conhecimento por ela alcançado encontra barreiras para sua aplicabilidade. Ele propõe um novo modelo de ciência a partir da inter-relação entre ciências naturais e ciências sociais, caminho único e possível para atingir-se uma “verdade universal”. Ele apresenta, nas suas primeiras páginas, a crise das ciências atualmente.
Por outro lado, Boaventura nos leva a pensar em uma nova modalidade do senso comum, diferente daquele que conhecemos, sem comprovação cientifica, passando a emergir atualmente de uma forma transformista e esclarecedora que tende a, cada vez mais, modificar o conceito de senso comum.
O autor, neste discurso, parece ter o objetivo de refletir acerca das ciências no seu conjunto, observando toda a sua trajetória ao longo dos séculos, bem como reflete a ideia de progresso científico, concluindo que ainda vivemos baseados numa ciência que tem muito a amadurecer.
Vivemos num tempo de transição dos progressos das ciências, com sombras que vem do passado e outras que vêm do futuro, nos fazendo analisar a ciência no seu conjunto. Estamos de novo regressados à necessidade de perguntar pelas relações entre a ciência e a virtude, pelo valor do conhecimento dito ordinário ou vulgar que nós, sujeitos individuais ou coletivos, criamos e usamos para dar sentido às nossas práticas e que a ciência teima em considerar irrelevante, ilusório e falso; e temos finalmente do perguntar pelo papel de todo o conhecimento científico acumulado no enriquecimento ou no