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Marina Costa Lobo**
Economia, ideologia e voto: Europa do Sul,
1985-2000
O presente trabalho analisa o papel da economia no comportamento eleitoral na Grécia, Portugal e Espanha. Na primeira parte do artigo analisaremos as condições económicas objectivas em que se encontram os países e o tipo de medidas promulgadas pelos governos antes das eleições. A teoria clássica do ciclo político-económico (Nordhaus, 1975, pp. 169-170) pressupõe que o governo, como maximizador do voto, manipule a economia de modo a aumentar as suas hipóteses de reeleição. Numa época de marketing político, a economia real poderá não estar no centro das decisões dos eleitores. Aquilo que conta é o modo como os eleitores vêem a economia real e em qual dos discursos partidários sobre a mesma estão dispostos a acreditar (Norporth, 1991, p. 304). Assim, apresentaremos aqui as percepções económicas dos eleitorados, de modo a averiguarmos se estão em consonância com as condições económicas objectivas, avaliadas com base em diversas medidas económicas. Na segunda parte do artigo elaboramos uma função do voto para a Grécia, Portugal e Espanha e testamos o impacto do voto económico tendo em consideração as teses de Gunther e
Montero (2001) sobre a fragilidade das clivagens sociais e políticas na explicação do comportamento eleitoral grego e português (e, em menor grau, espanhol).
De acordo com investigações bem estabelecidas, o comportamento eleitoral depende tanto de efeitos de longo prazo (clivagens sociais, identificação partidária e sistemas de valores) como de efeitos de curto prazo (questões em debate, nomeadamente económicas, avaliações dos candidatos e outros acontecimentos sociais e políticos específicos). Desde pelo menos os finais da década de 70 ou o início dos anos 80 tem-se defendido que o impacto dos efeitos de longo prazo sobre o comportamento eleitoral está em declínio (Dalton, Flanagan e Beck,