tudo
Frequentemente deparamos com pessoas ou entidades comerciais que, em seu discurso, afirmam uma coisa, mas na prática fazem o contrário do que apregoam.
Quando alguém, motivado por um anúncio publicitário que exalta as qualidades de um medicamento para emagrecer, compra o produto e, depois de usá-lo, percebe que ele não funciona, sente-se lesado e não mais confia na empresa que o forneceu, pois percebe que foi vítima de propaganda enganosa.
Pessoas que, acreditando nas palavras de um candidato a um cargo público, votam nele e percebem, depois de eleito, que ele age em contradição com o que pregava também se sentem traídas e não mais dão crédito (ou pelo menos não deveriam dar!) às palavras do tal político.
Nesses dois casos, a perda da confiança e da credibilidade ocorre porque se diz uma coisa e se faz outra, ou seja, não há adequação entre o discurso e a realidade dos fatos – o discurso é incoerente.
Ao produzirmos nossos textos, devemos sempre estar atentos à coerência. Caso contrário, perderemos a credibilidade e a confiança do leitor.
Texto: AS GUERRAS DO BRASIL
Às vezes se diz que nossa característica essencial é a cordialidade, que faria de nós um povo por excelência gentil e pacífico. Será assim? A feia verdade é que conflitos de toda a ordem dilaceram a história brasileira, étnicos, sociais, econômicos, religiosos, raciais etc. O mais assinalável é que nunca são conflitos puros. Cada um se pinta com as cores dos outros. O importante, aqui, é a predominância que marca e caracteriza cada conflito concreto. Assim, a luta dos Cabanos, contendo, embora, tensões inter-raciais (brancos versus caboclos) ou classistas (senhores versus serviçais), era, em essência, um conflito interétnico, porque ali uma etnia disputava hegemonia, querendo dar sua imagem étnica à sociedade. O mesmo ocorre em Palmares, tida frequentemente como uma luta classista (escravos versus senhores), que se fez, no entanto, no enfrentamento racial,