Tudo para o povo e nada para o povo.

Tudo para o povo e nada pelo povo

Esta frase, muito conhecida pelo público em geral e que muitos creditam ser de autoria de Mariano José Pereira da Fonseca, Marques de Maricá, não é verdade. A citação que Marques de Maricá faz em sua obra Máximas, Pensamentos e Reflexões, composta de quatro volumes, publicado entre os anos de 1837 e 1841, é: “Tudo para o povo, nada para o povo, é máxima política de muito profunda significação”. Encontramos, ainda, na obra citada, o seguinte trecho:
“A humanidade, apesar de procurar sua liberdade de escolha desde os primeiros tempos, historicamente, só recentemente teve esse seu direito reconhecido. Pode, então, exercer a liberdade de escolha de seus governantes, confiando-lhes a sua representação política. A finalidade dos mandatos, que não é bem interpretada pela maioria dos eleitos, é para que os mesmos administrem o bem público em benefício da coletividade, e não em seu próprio proveito.
A liberdade moderna é um resultado da razão, e não o produto artificial das instituições. Era resgatando o povo, pelo batismo das ideias e pelas verdades da civilização, que ela podia enraizar-se no pais. A velha escola liberal, fundada num aforismo de Montesquieu, supõe que a liberdade se origina da inocência do coração; os democratas creem que ela cresce, desenvolve-se e se comunica pelas luzes do espírito.
Os liberais aristocratas proclamando: “Tudo para o povo e nada para o povo”, parecem condenar a liberdade a ser uma prerrogativa opõem a todas as reformas que tendem a elevar o povo, pela propriedade, pelo bem estar, pela civilização e pela posse de sua iniciativa política.
Fazer tudo pelo povo, e nada pelo povo é uma antiga máxima, porém a história mostra ser muito problemática a sua exatidão.
O povo tem grande discernimento quando não é seduzido pelos ambiciosos ou pelos declamadores. A razão do povo não é apenas um fraco crepúsculo, como dizem os detratores, é uma espécie de inspiração. Deixai-a livre e vê-la-eis acertar.