Tranças de bintou
A obra literária “As tranças de Bintou”, de Sylviane Diouf, tem como título original “Bintou´s Braids”, traduzida por Charles Cosac e ilustrada por Shane W. Evans, da Editora Cosac Naify, foi publicada em 2004. De acordo com informações coletadas sobre a obra, a cultura ali representada é das meninas Senegalesas. O esquema narrativo adotado apresenta, na situação inicial, um desenvolvimento, um clímax e um desenlace. Contudo, não traz marcas evidentes de tempo nem de espaço, embora seja possível inferir pelas ilustrações que se trata de uma região da África. As traduções já existentes estão na França e no Brasil, sendo a primeira publicação americana, realizada pela Chronicle Books, em 2001.
A história tem como protagonista a menina Bintou, de etnia negra, cujo sonho é ter tranças “enfeitadas com pedras coloridas e conchinhas”. Já nas primeiras páginas do livro, ela anuncia: “meu cabelo é curto e crespo. Meu cabelo é bobo e sem graça. Tudo o que tenho são quatro birotes na cabeça”. A partir daí, o enredo centra-se nos conflitos da menina Bintou em relação à tradição cultural negra, na qual as meninas não podem usar tranças enfeitadas por contas coloridas, posto que o uso é permitido apenas às mulheres jovens e adultas. Sentindo-se feia com seus birotes, passa a observar as mulheres mais velhas, uma delas é a jovem irmã Fatou, que usa tranças e por isso é, na concepção de Bintou, mais bonita. Para Fagundes (2001), 122
o cabelo do afrodescendente certamente é parte intrincada do perfil estético que compreende a identidade negra. A relação que cada um tem com seu cabelo é muito particular. O fato de saber ou não lidar com ele determina a forma como é aceito. Além disso, as possibilidades de informação que cada um tem e as experiências vividas desde a infância até a idade adulta fazem com que as pessoas criem diferentes conceitos sobre a forma como encaram seu cabelo e traços, descendentes das populações que