Transformação Organizacional
A Teoria e a Prática de Inovar
Paulo Roberto Motta
Editora Qualitymark
1. O CONHECIMENTO NOS PARADIGMAS DE MUDANÇA
Desde seus primórdios, as teorias administrativas enfrentam controvérsias sobre seu objeto de estudo. Entretanto, desde a última década, e até pela incorporação da problemática de outras ciências sociais, a disputa teórica pela administração cedeu um grande espaço à controvérsia "pré-teórica" ou paradigmática. Teorias baseiam-se em premissas sobre a realidade, valores e métodos de construí-las. Assim, todas as teorias possuem uma "pré-teoria" ou se fundamentam em paradigmas.
Paradigma refere-se a um conjunto de crenças ou premissas sobre o que se julga verdadeiro; requer uma escolha razoavelmente arbitrária sobre métodos e proposições, por vezes não examinadas. Essas premissas determinam a validade do conhecimento, as regras de evidência e os princípios básicos de causalidade. Thomas Kuhn1 desenvolveu o conceito de paradigma para analisar a evolução das ciências. Via essa evolução não como a acumulação linear de conhecimentos, pela aceitação ou rejeição de hipóteses, mas como a sucessão de períodos de continuidade e descontinuidade provocados por rupturas com o conhecimento existente. Esse rompimento faz o novo estoque de conceitos, procedimentos e teorias ser totalmente incompatível com o anterior. Assim, revoluções científicas ocorrem não somente quando se encontram evidências nãocontrovertidas mas quando se alteram as premissas ou paradigmas.
Para Kuhn, a mudança paradigmática é revolucionária, pois altera um conjunto relativamente consistente e aceito de premissas. No entanto, pela sua vulgarização, paradigma adquiriu uma pluralidade de significados,2 e passou-se a confundir como paradigmáticas pequenas alterações em rituais, valores e metodologias ou a evolução do conhecimento dentro de um mesmo paradigma.
Kuhn criou o conceito de paradigma para as ciências naturais - possuidoras de