Transferencia
A transferência é um fenômeno que ocorre na relação paciente/terapeuta, onde o desejo do paciente irá se apresentar atualizado, com uma repetição dos modelos infantis, as figuras parentais e seus substitutos serão transpostas para o analista, e assim sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos afetivos serão vivenciados e sentidos na atualidade. Não é possível falar em análise sem transferência. Não se deve supor, todavia, que a transferência seja criada pela análise e não ocorra independente dela. A transferência é meramente descoberta e isolada pela análise. Ela é um fenômeno universal da mente humana, decide o êxito de toda influência médica, e de fato domina o todo das relações de cada pessoa com seu ambiente humano. Em A História do Movimento Psicanalítico (1914) fala que o surgimento da transferência sob forma francamente sexual- seja de afeição ou hostilidade – no tratamento das neuroses, apesar de não ser desejada ou induzida pelo médico nem pelo paciente, sempre lhe pareceu a prova mais irrefutável de que a origem das forças impulsionadoras da neurose está na vida sexual. E ainda que a transferência seja ponto de partida do trabalho da psicanálise. A transferência permite que o analista se aproprie do saber inconsciente que se insinua na fala do sujeito. A interpretação da transferência é perigosa, pois tal procedimento pode até aliviar a angústia do sujeito, e com isso gratificar o analista, mas pode ser que o analisando esteja apenas substituindo sua associações pelas interpretações do analista, numa tentativa de recuperar a estabilidade que as defesas conferem à neurose. A transferência se constitui a partir da realidade psíquica do analisando, por meio dos seus desejos, medos e outros aspectos da sua subjetividade.