Tradicionalismo e culinaria gaúcha
Tradicionalismo
Quando o primeiro gaúcho deixou a campanha e se mudou para a cidade bateu-lhe inelutavelmente aquilo que Manoelito de Ornellas chamou
“a nostalgia dos transplantados”, a saudade dos pagos, que ele, o gaúcho, tratou de amenizar com o uso diário do chimarrão, com a culinária gauchesca e até mesmo com a utilização discreta ou ostensiva das pilchas campeiras. Era o começo da tradição gaúcha, cujo culto, mesmo hoje em dia, com todas as maravilhas e a alta tecnologia do mundo moderno, está cada vez mais forte. Entre nós, Tradição é um culto, o culto dos valores que os antepassados nos legaram. No mundo jurídico a tradição é a entrega de um bem pelo qual se pagou o justo preço e pelo qual o homem recebe o bem que adquiriu pela compra. No mundo cultural, a Tradição é a entrega de valores culturais de uma geração para outra. Claro que a tradição, assim entendida, não é uma exclusividade do Rio Grande do Sul: existe praticamente em todos os povos, mais exacerbada nos grupos sociais onde coexistem duas sociedades paralelas, uma rural e uma urbana, não conflitantes e até freqüentemente aliadas, como no nosso caso. O nativismo
Que valores são esses? Bem notável entre eles é o Nativismo, o amor que o homem sente normalmente pelo chão onde nasceu. Então, o
Nativismo é um sentimento. Mas há outros valores no culto da Tradição: o apego aos usos e costumes rurais (o chimarrão, a indumentária tradicional, a coragem, o civismo, o respeito pelo fraco e pelo vencido, o cavalheirismo para com a mulher, o respeito pelos mais velhos, o amor pelas artes regionais, na poesia, na prosa, na música, nas artes visuais...). A tradição “comme il faut” existe assim no Rio Grande do Sul desde sempre, mas como um culto individual que qualquer gaúcho pode professar em qualquer parte. Tenho para mim que a mais antiga manifestação expressa da tradição gaúcha é o chamado – embora