Trabalhos

Ontem eu fui dormir com uma coisa amarrada em mim, só que não era um nó - daqueles de coisa que restou pra dizer. Adormeci com isso engasgado e também não eram palavras. Mas acordei com uma coisa meio exata, como se fosse o fim. Será que é real que, em algum lugar no fundo, a gente sempre sabe quando algo acaba? Porque eu te olhei, no fundo dos meus sonhos eu te olhei e, não foram os mesmos planos e nem os mesmos olhos que te viram. Eu te abracei, em pensamento, como faço todas as noites pra te roubar da insônia. Não teve saudade apertada, só aperto. Teve esse nó, que não sendo palavras virou silêncio. Teve esse amor imenso que se transformou em sinônimo. Desejei pensamentos claros, desejei não te ver mais com aquela capa dourada de super homem perfeito pra mim. Eu vi uma pessoa querendo partir, mas querendo se deixar, eu vi um segurar de mãos escapar, um par de olhos umedecer, o nó se desfazer….eu não vi nenhuma mala, mas vi um acenar. Vi essa pessoa e me surpreendi quando, como num 360º de filme, me deparei e vi que essa pessoa era eu. Ouvi o relógio bater, despertei. Eu quis tanto que você ficasse, mas você deve ir. Eu quis tanto que você ficasse, por isso, eu fui no teu lugar.
Um dia eu amei um homem, amei e dei tudo de mim para ele. Até o dia em que ele me deixou. Como em muitas histórias de amor que terminam, eu sofri. Amei e queria desamar pra amar alguém novo. Depois de algumas tentativas, desisti do amor, desisti. Me entornei em paixões efêmeras e copos de cerveja e, justo no momento em que eu estava mais auto confiante e decidida de que o amor não era para mim, o conheci. Foi um baque, desses que te pegam numa quarta feira à tarde. O tempo por um momento parou. Eu vi naquele andar sem pressa, a pressa que eu tinha do amor. Eu vi naqueles olhos apertados, o aperto de todo o tempo que passou. Eu vi naquela barba escura, um clarão no meio do dia. Nem se eu quisesse eu fugiria, tem coisa que é destino mesmo. A gente se encontrou no meio do nada, um nada que