Trabalhos
A economia brasileira na década de 1990 foi submetida a uma abertura comercial que, iniciada com redução tarifária, evoluiu para um câmbio relativamente valorizado. A indústria reagiu inicialmente com dois movimentos, um externo, outro interno: no primeiro, desfez controle operacional e empresarial sobre elos da cadeia que não se referissem a seu core business; no segundo, racionalizou seu próprio processo produtivo, numa busca de redução de custo e aumento de produtividade. A partir de 1994, ocorreu um aumento de investimento que, infelizmente, se restringiu a um caráter mais modernizador do que o aumento de capacidade produtiva. Ou seja, buscou-se avançar na necessidade de aprimoramento produtivo marginalmente, sem uma reestruturação profunda do capital já instalado.
Considerando o período de 1990 a 1996, nota-se que a participação da indústria no PIB reduziu, apesar da estrutura industrial não ter se alterado. Essa redução ocorreu principalmente nos complexos química, metal-mecânica e têxtil, ao contrário dos complexos agroindústria e construção. As cadeias do complexo agroindústria e setores como extração de minério de ferro, siderurgia, segmentos da metalurgia dos não-ferrosos e a base do complexo química mantiveram elevados coeficientes de exportação e baixos coeficientes de penetração. Para todos os complexos tomados como um todo, o comportamento foi um aumento do coeficiente de exportação até 1992 (que é um reflexo principalmente da retração do PIB) e queda amortecida até 1996 (na retomada do crescimento a partir de 1993, as empresas confirmaram sua preferência pelo mercado doméstico, o que foi acompanhado também pela valorização do real). Cadeias mais frágeis, como têxtil, vestuário, e as intermediárias e finais dos complexos química e metal-mecânica mais intensivas em tecnologia, não foram bem sucedidas com os importados: os coeficientes de penetração aumentaram sensivelmente. As importações de bens de capital e de consumo foram