Trabalhos
A flauta, instrumento que, por mais elementar que seja a sua concepção, é formado por um tubo, geralmente cilíndrico munido de uma «embocadura» rudimentar, numa das extremidades.
Todos os instrumentos são perfurados com orifícios que os dedos tapam e destapam para modificar o comprimento da coluna de ar (portanto, a altura do som).
O funcionamento da flauta baseia-se numa fina corrente de ar, produzida pelo sopro do executante, quebra-se contra o bordo talhado em bisel de um pequeno orifício e esta «onda de ar» comporta-se como uma lâmina vibrante, como uma espécie de palheta aérea, animada com um movimento periódico, solidário com a coluna de ar contida no tubo.
O som da flauta depende essencialmente, por um lado, da natureza e da direcção da «onda de ar» e, por outro, do comprimento da «coluna de ar».
Os mais antigos instrumentos existentes são apitos de uma só nota, feitos de ossos de rena (10.000 a.C.), e flautas de osso também muito antigas, com três ou mais orifícios (as flautas de cana são de mais fácil manufactura, mas de menor duração). Ambas foram tentativas bem sucedidas na imitação da natureza - o vento assobiando num tronco oco de uma árvore ou nos canaviais, o chamamento de um mocho.
As origens da flauta remontam à mais alta Antiguidade. Infelizmente, os mais antigos modelos que se descobriram não têm embocaduras que por si só permitam determinar, com exactidão, a família à qual eles pertenciam. Pelo contrário, encontraram-se belos instrumentos, bem conservados, provenientes do ano 200 a.C. Da mesma época podemos observar representações de flautas travessas em baixos relevos indianos. É muito possível que a flauta travessa tenha sido, na Europa, um produto trazido do Oriente.
As duas espécies de instrumentos fizeram durante séculos carreiras paralelas, mas, desde a Idade Média até ao séc. XVIII, a flauta de bisel era a mais divulgada. Construída em madeira ou em marfim, perfurada com 6 orifícios, depois com 8, constituía, na época