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PUBLICADO EM 23/02/2008 ÀS 15:16 POR JAMILDO EM NOTÍCIAS De Veja
Na semana passada, quase meio século depois de implantar em Cuba uma versão comunista do velho caudilhismo ibero-americano, Fidel Castro anunciou sua renúncia dos postos mais altos da hierarquia da ilha, a Presidência e a chefia das Forças Armadas. Não se enxergue no gesto nenhuma generosidade ou desprendimento.
Fidel saiu porque está em fase terminal de uma doença grave. Fôlego tivesse, os cubanos ainda teriam de suportá-lo por mais tempo, adiando sabe-se lá até quando a tentativa de retornar à vida normal em uma sociedade aberta.
Quem mais sofreu sob Fidel Castro foram os cubanos. O ditador matou quase 10.000 pessoas ao cabo de julgamentos sumários. Mais de 2 milhões fugiram para o exterior. Os outros 11 milhões que permaneceram cativos vivem há décadas em estado de penúria moral, miséria física e desesperança, o cardápio clássico das ditaduras.
Mas a renúncia do ditador é uma boa notícia também para outros países latino-americanos. Durante décadas, Fidel foi a fonte geradora de utopias enganosas às quais gerações de latino-americanos se agarraram, a maioria em boa-fé, como alternativa para sair da miséria, que viam como resultado da exploração e do desprezo dos Estados Unidos. Há muito tempo, porém, ficou evidente que as origens do atraso nos países da América Latina deveriam ser buscadas nas próprias decisões erradas que aqui se tomavam.
Em muitos países essa dedução lógica redundou em pouca ou nenhuma ação na direção correta, em grande parte pela reação raivosa dos movimentos de esquerda inspirados na utopia farsesca de Fidel Castro com suas bandeiras de "Não às reformas burguesas!", "Não às privatizações!"…
A mais extraordinariamente burra dessas bandeiras igualava a um vendilhão da pátria o governante que insistisse em honrar a dívida externa. No Brasil tentou-se até convocar um plebiscito para obrigar o governo a dar o calote na dívida. Fidel não