Trabalhos prontos
Assisti ao filme "A Queda" e identifiquei nele a gestão atual, dentro de qualquer empresa. Hitler estava acostumado a ser obedecido, premiava seus seguidores fiéis e castigava duramente os críticos e esse foi um dos motivos de não conseguir administrar a invasão dos russos a Berlim. Não estava acostumado a ser contrariado e, mesmo em perigo, só quis ouvir aqueles que estavam acostumados a não contestar seus planos e suas ordens. A melhor solução poderia vir de alguém que estava ao seu lado, mas o medo e a repressão fizeram com que todos se calassem. Exatamente assim tem funcionado o ambiente empresarial, entre gestores e empregados.
O poder atrai aduladores, prontos a atendê-lo nos mínimos desejos, mas, por outro lado, estão prontos também a entregar os colegas que não seguem suas regras, a buscar os pontos fracos dos que se destacam - para que não passem ao grau de adulador sênior que eles tão duramente alcançaram, porque sacrificam suas famílias, sacrificam seus horários de almoço, de sono, sacrificam sua personalidade, seus valores, seus sonhos. Tudo em função de formar uma empatia tão perfeita com seu líder, a ponto de virarem gêmeos, quase seres clonados. E essa empatia é recompensada, enquanto que a individualidade pode ser duramente castigada.
Conheci casos como esse que se tornaram tão sérios, que na perda ou substituição do líder, essas pessoas já não sabiam nem mais quem eram. Outras, já mais acostumadas ao jogo, logo se identificaram com o novo líder, prontos a substituir a personalidade anterior, assumindo a do novo líder, tornando-se robôs programados para aceitar novas configurações de uso.
Hitler não quis ouvir que estava em perigo. Não quis ouvir que ia perder Berlim para os russos. Não quis ouvir que seus generais estavam se entregando. Não perdoava quem não seguisse suas ordens finais, mesmo quando já desesperado por não conseguir manter o controle da situação. Não quis ouvir os conselhos que poderiam vir a salvá-lo.