trabalho
Um século e meio depois, a história selecionou Darwin como ícone supremo do pensamento evolutivo, enquanto Wallace foi reduzido ao status de espécie ameaçada, ofuscado pelo brilho daquele que foi seu ídolo científico. Poucos hoje sabem que Alfred Russel Wallace existiu. Menos ainda sabem que ele começou sua carreira de naturalista no Brasil.
Wallace passou quatro anos na Amazônia, coletando plantas e animais às margens do Rio Negro e do médio Amazonas. Desembarcou no porto de Belém em 26 de maio de 1848, acompanhado de outro jovem naturalista britânico, o amigo Henry Bates. Tinham apenas 25 e 23 anos.
A idéia era coletar o maior número possível de plantas e bichos exóticos da floresta, que depois seriam levados de volta à Inglaterra para estudo. Buscavam pássaros, peixes, borboletas e outros insetos interessantes. Para pagar as contas, enviavam duplicatas para um agente em Londres, que vendia os espécimes para colecionadores ou museus e remetia o dinheiro de volta.
DESASTRE
O plano quase deu certo. Após quatro anos de trabalho duro, vivendo embrenhado na floresta e com a saúde fragilizada, Wallace juntou o que tinha e embarcou de volta para a Inglaterra em 12 de julho de 1852. No meio do Atlântico, um desastre: o navio pegou fogo. O jovem naturalista assistiu de um bote salva-vidas seu patrimônio científico ser consumido pelas chamas no oceano. Salvaram-se apenas algumas anotações e desenhos que estavam em sua cabine – entre eles, vários rascunhos de peixes e palmeiras,