TRABALHO
O primeiro momento refere-se à figura do farmacêutico associado ao profissional elaborador do medicamento – o boticário. Nessa época, a função era seguir, essencialmente, a pesquisa e manipulação de formas extemporâneas. As boticas (farmácias) mantinham a hegemonia da preparação de medicamentos receitados pelos médicos, sendo noventa por cento do trabalho do farmacêutico efetuado no laboratório farmacotécnico, desenvolvendo as fórmulas magistrais. Nesse reduto, pairava o prestígio e a influência do farmacêutico (PERETTA; CICCIA, 2000; HEPLER; STRAND, 1999).
No Brasil, a industrialização do medicamento, iniciada a partir de 1920, abertura da economia ao capital estrangeiro e a instalação das indústrias farmacêuticas transnacionais no país, levaram ao desaparecimento das boticas. O farmacêutico foi convertendo-se em um mero intermediário entre a indústria e o usuário (PERETTA; CICCIA, 2000).
Essas indústrias, por funcionarem sob a lógica do lucro e curativa da doença, levaram à descaracterização do farmacêutico como profissional de saúde, passando a ser referenciado como o profissional do medicamento, por trabalhar somente questões relativas à produção. Em função disso, instalou-se a chamada “crise de identidade” do farmacêutico, agravada pelas lacunas da formação e pelo não reconhecimento social da profissão (LAPORTE, 1989).
Foi nesse contexto, em meados da década de 60, que houve um desdobramento da profissão farmacêutica para o campo das análises clínicas, conferindo, ao farmacêutico, habilidades para procedimentos prioritariamente técnicos. Dessa forma, pode-se afirmar que os campos de atuação do farmacêutico na indústria, nas análises clínicas, no hospital e nas farmácias de dispensação e