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Há cinquenta anos, o filósofo francês Jean-Paul Sartre e sua companheira Simone de Beauvoir visitavam Fortaleza e o interior do Ceará. Seminário na Uece celebra a passagem
Pedro Rocha - 28/07/2010 00:30
Jean-Paul Sartre chegou ao Brasil em 12 de agosto de 1960, acompanhado de sua companheira Simone de Beauvoir, e permaneceu no País até o fim de outubro. O convite partiu do escritor baiano Jorge Amado, comunista como o francês, que já era um dos intelectuais mais combativos de um período de forte acirramento entre os blocos capitalista e socialista. A viagem do filósofo e escritor ao Brasil seria marcada por conferências e encontros com intelectuais em cidades como Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Fortaleza.
Então com 55 anos, Sartre era um dos mais proeminentes intelectuais de seu tempo, principal pensador do “existencialismo” e defensor ferrenho do engajamento dos intelectuais nas questões políticas. Esse foi o tom de sua participação no I Congresso Brasileiro de História e Crítica literária, realizado no Recife.
Apesar de ter tido seu nome anunciado para a conferência de abertura do Congresso, Sartre chegou apenas para a fala de encerramento, quando levou o debate que seria uma constante em sua visita ao Brasil: a necessidade de uma “literatura popular”.
O escritor defendia uma escrita marcadamente social que seria destinada a maior parte da população, o povo. Para o escritor, ao contrário da França, produtora de uma “literatura universal”, o Brasil poderia produzir uma literatura popular por não ter tido tempo ainda de uma separação drástica entre as camadas do povo, fruto de uma burguesia também menos desenvolvida. “É necessário procurar uma literatura, procurar um público para os livros que se escrevem no povo mesmo”.
Por sinal, e apesar da relação inevitável com intelectuais e artistas brasileiros, além da rotina de debates e conferências em todas as cidades que passaram, o casal parecia ter como