trabalho
Preço alto do computador ameaça projeto que une educação e tecnologia
A idéia era excelente. Em 2005, o cientista da computação Nicholas Negroponte apresentou o protótipo de um laptop que custaria a bagatela de 100 dólares - um décimo do valor de um computador portátil vendido nas lojas. Baratíssimo, o aparelho seria distribuído em larga escala para estudantes em regiões pobres do planeta. O acesso de milhões de jovens ao mundo digital estaria garantido.
A figura de Negroponte, co-fundador do lendário Media Lab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), acrescentava credibilidade e perspectivas de sucesso à proposta. Tudo lindo, não fosse um detalhe: três anos depois, o "laptop de 100 dólares" custa 188 dólares na porta da fábrica - o que não inclui despesas elementares como o transporte.
Em recente leilão eletrônico realizado pelo Ministério da Educação (MEC), o aparelho foi oferecido por 370 dólares. Qual o significado desse preço? Quem responde é Roseli Lopes, pesquisadora do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da USP, entusiasta da idéia de Negroponte e uma das responsáveis pelos testes do laptop no Brasil: "Ele torna impraticável o projeto de entregar um computador por criança nas escolas públicas do país", diz.
Várias barreiras impediram a queda do preço do computador. No início do projeto, quando fundou a organização sem fins lucrativos One Laptop Per Child (OLPC), Negroponte acreditava numa ampla demanda por esse tipo de maquininha. A procura acentuada baratearia o produto.
Em 2005, o ex-pesquisador do MIT estimou que o mundo teria entre 5 milhões e 10 milhões desses notebooks em uso no início de 2007. Isso nunca aconteceu. Somados, os atuais pedidos e as intenções de compra de laptops da OLPC não ultrapassam 500.000 unidades. É pouco. Somente em um trimestre, a Apple vende mais de 2 milhões de computadores Macintosh.
Os portáteis para uso educacional