PRÉ - MODERNISMO | Nas duas primeiras décadas do século XX, o Brasil passou por várias transformações que apontavam para uma modernização da vida política, social e cultural do país.Politicamente, vivia-se o período de estabilização do regime republicano e a chamada “política do café-com-leite”, com a hegemonia de dois Estados da federação: São Paulo, em razão de seu poder econômico, e Minas Gerais, que possuía o maior colégio eleitoral do país. Embora ainda não tivesse absorvido toda a mão-de-obra negra disponível desde a Abolição, o país recebeu nesse período um grande contingente de imigrantes para trabalhar na lavoura do café e na indústria. Os imigrantes italianos, que se concentraram na indústria paulista, trouxeram consigo ideias anarquistas, que resultaram no aparecimento de greves, de crises políticas e na formação de sindicatos. Do ponto de vista cultural, o período foi marcado pela convivência entre várias tendências artísticas do século anterior ainda não totalmente superadas, e algumas novidades de forma e conteúdo. Esse período é chamado de Pré-Modernismo.CARACTERÍSTICAS Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma escola literária apresentando individualidades muito fortes, com estilos às vezes antagônicos – como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e Lima Barreto -, podemos perceber alguns pontos em comum entre as principais obras pré-modernistas: * apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras, apresentando uma ruptura com o passado, com o academismo; a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteada de palavras “não-poéticas”, como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta à poesia parnasiana ainda em vigor; * a denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado do Romantismo e do Parnasianismo; o Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo; * o regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste com Euclides