Trabalho e trabalhadores da fidelitá
CÂNDIDO RONDON
Gilvana Machado Costa∗ (PIBIC/UNIOESTE)
Introdução
A pesquisa que venho desenvolvendo parte da região oeste do estado do Paraná, mais precisamente na cidade de Marechal Cândido Rondon, onde se verifica um crescimento do ramo de confecções, a partir dos anos 1990. O objetivo do projeto é compreender as mudanças nas relações e significados do trabalho, pelos trabalhadores das confecções desta cidade, em especial os trabalhadores da fábrica de lingerie Fidelitá. De imediato, uma característica que chama a atenção é que as fábricas do setor têxtil têm uma rotatividade expressiva de funcionários. Inicialmente, percebo que isso decorre da baixa remuneração e pela contratação de estagiários, via empresas voltadas para este fim. Estes estagiários ocupam funções diversas e são contratados por salários abaixo da média da categoria, e de acordo com os dados fornecidos pelos trabalhadores existe uma categoria salarial interna nessas fábricas no valor de quinhentos e trinta reais. Os estagiários recebem em torno de duzentos a trezentos reais, sob a justificativa de que trabalham de quatro a seis horas diárias, conforme o contrato estabelecido entre a fábrica e a empresa que intermedia esses contratos. Esta situação faz com que as empresas prefiram esse tipo de contratação, considerando que não há vínculo empregatício com carteira assinada e outros benefícios. Na condição de estagiário, na prática, há apenas um contrato temporário. Como método de pesquisa, a sugestão dada pelo meu orientador foi de primeiro, fazer uma discussão com a bibliografia que aborda o tema e, segundo, realizar entrevistas com os trabalhadores. Estas entrevistas se deram a partir de um roteiro de questões para trabalhadores de diferentes faixas etárias e tempos de serviço para melhor compreender o universo fabril. Visaram também compreender como os trabalhadores se constituem em relação ao sistema fabril de confecção.