Trabalho Guarany Mbya Definitivo

Hoje existem cerca de sete mil línguas no mundo, das quais mais ou menos duas mil e quinhentas são consideradas ameaçadas pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). A organização estima também que, se nada for feito para impedir, metade das línguas faladas hoje desaparecerão até o fim desse século. A perda em termos de patrimônio cultural e conhecimento histórico seria inestimável, principalmente por se tratar, em grande maioria, de uma herança indígena ancestral. Por isso, a organização incentiva a implementação de políticas linguísticas voltadas para manter, revitalizar e perpetuar a existência de línguas nativas.
Alguns marcos importantes nos Direitos Linguísticos já foram alcançados, como é o caso da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, apoiada em um conjunto de documentos que a precedem, especialmente a Declaração Universal dos Direitos Humanos, já que enquadrou os direitos linguísticos no âmbito dos direitos humanos. O longo processo de reflexão que começou em 1994 e culminou no documento final em 1996, em Barcelona, contou com a participação ativa de pessoas, ONGs internacionais, Centros internacionais e uma diversidade de contextos sociolinguísticos importante.
Não é possível deixar de mencionar o debate acalorado que existe entre os defensores das “políticas linguísticas” e os cientistas da linguagem, ou seja, os linguistas. Os primeiros, como o próprio nome sugere, apresentam um caráter político muito forte, de forma que a intervenção e a prescrição exercem papéis importantes em suas decisões. Já os segundos estão mais preocupados com a neutralidade política, ou seja, o caráter descritivo e investigativo é mais evidenciado. Além do mais, enquanto os formuladores de políticas linguísticas se preocupam mais com a escrita, sendo a expressão oral uma consequência da forma escrita, os linguistas se concentram quase que exclusivamente na expressão oral. A linha entre esses dois campos de pensamento é muito