trabalho escrito
No entanto, pode-se dizer, grosso modo, que, sobretudo nas publicações estrangeiras e particularmente nas européias, até o momento, uma interpretação predomine: aquela que propõe a História da arquitetura moderna, no Brasil, em três etapas. A primeira, de construção, é seguida da fase carioca, esta a quintessência da nossa arquitetura(2) onde Lúcio Costa desempenha papel crucial, tanto na articulação internacional, junto a Le Corbusier e ao Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna - CIAM, quanto no Brasil, na relação entre paulistas e cariocas(3). Tudo mais, na terceira etapa, seriam desdobramentos.
Podemos, por exemplo, considerar a Semana de 22 de São Paulo como evento pioneiro de arte moderna. Nem por isto somos obrigadas a entender que toda expressão artística consecutiva tenha sido um desdobramento deste evento.
O Mundo Nascendo e Pernambuco falando para o mundo
No Recife, como em várias cidades brasileiras, a modernização urbana antecedeu o debate sobre a modernização da arquitetura preparando-lhe, ao mesmo tempo, um terreno favorável. Os diversos estudos, desde o clássico ensaio de Souza Barros(9) até os mais recentes, assinalam que, nesta cidade, já no início da década de vinte, grande parte das elites culturais – setores tradicionais canavieiros em decadência e os novos grupos modernos urbanos em ascensão – eram conhecedores e amantes do modernismo. Na voz de vários historiadores, esta década, é “um dos momentos históricos significativos da tensão entre o moderno e o tradicional. Tensões que se expressavam nos debates dos seus intelectuais, nas notícias e opiniões registradas na imprensa, no cotidiano invadido por certas invenções e hábitos modernos(10)”. Cícero Dias e Vicente do Rego Monteiro(11) testemunham esta efervescência cultural e o contato entre os pernambucanos e os círculos modernos em Paris. Nas primeiras pinturas de Cícero Dias, o novo conceito de moderno se exibe: paisagens da terra, sobradinhos, coqueiros,