Trabalho Diversidade
A entrevistada, Jane Doe, vem de uma família muito humilde de Diamantina. Ela nasceu dia 1967 em casa com o auxílio de uma parteira. Jane tem três irmãos – dois homens e uma mulher – todos ainda residentes em sua cidade natal. Toda a família é preta, tendo alguns parentes pardos distantes.
JD morou em Diamantina toda sua infância e juventude. Trabalhou sempre em casa de família. Relata que, em sua cidade natal, não recorda de ter sofrido algum tipo de preconceito: “a maioria das pessoas com quem eu me relacionava era ‘negra’, quer dizer, a maioria da cidade é ‘negra’, assim não tem muito como se ter um preconceito”.
Jane estudou até a sexta séria do ensino fundamental. Parou os estudos para ajudar em casa trabalhando – inicialmente com sua mão – e posteriormente em casas de família.
“Tive uma infância muito boa, brinquei muito, fiz muita ‘sapequice’, foi um tempo muito bom. Depois tive que começar a trabalhar para ajudar meus pais. Era necessário, éramos muito pobres”.
2. Mudança de Ares
Exatamente por motivos financeiros, aos 21 anos de idade, JD decidiu tentar a sorte em outras cidades, sempre trabalhando em casas de famílias.
Sua primeira parada foi em Belo Horizonte, onde pensou: “é a capital do estado – cidade grande – deve ter muito emprego”.
Logo percebeu uma grande diferença entre as duas cidades. “Belo Horizonte é bastante grande, os costumes são diferentes, as pessoas também. Eles não comprimentam os outros nas ruas, te olham com uma cara estranha”.
JD começou a perceber que era tratada diferentemente. Ela percebeu que as pessoas trocavam de calçada quando estavam em ruas mais calmas. Também “eu via as madames segurando mais forte as bolsas quando eu passava”.
Essas eram situações novas à JD, ela nunca havia passado por isso antes (em sua cidade natal).
Em Belo Horizonte, sua primeira morada foi no bairro Horto – tradicional bairro da cidade e com maioria de população branca (à época). Desde o princípio,