trabalho de hoje em dia
As transformações recentes no mundo do trabalho decorrentes do atual processo de globalização têm colocado grandes desafios para aqueles que buscam compreender o momento. Especular torna-se uma tarefa fácil na medida em que o deslumbre e o romantismo tendem a sobrepujar o rigor científico e a disciplina metodológica. Até o momento a grande certeza que podemos ter em relação ao futuro é que dificilmente iremos reconstruir os laços de solidariedade dos “anos dourados”.
A bem da verdade, a obra de Robert Castel (1998) é extremamente importante na medida em que, ao fazer a crônica do salário, nos instiga a entender os conflitos que vivenciamos. Mais ainda, aponta os paradoxos que hoje vivenciamos de forma mais contundente, tanto no que diz respeito a relação indivíduo/sociedade, bem como do ponto de vista das instituições sociais. Cabe destacar de forma breve, o trato que Castel dá em relação à condição do assalariado no contexto de desenvolvimento do capitalismo. A transição do feudalismo para o capitalismo é essencialmente um processo de ruptura de tradições e instituições sociais, onde os laços morais são gradativamente suplantados por relações monetárias, traduzidas na essência pelo salário. “A burguesia desnudou de sua auréola toda ocupação até agora honrada e admirada com respeito reverente. Converteu o médio, o advogado, o padre, o poeta, o cientista em seus operários assalariados” (MARX & ENGELS 1996, p. 13).
Castel chama a atenção para o fato de que a condição de assalariado, até meados do século XIX, é algo indigno. Receber um salário, em última instância, significava uma derrota. O trabalhador assalariado era aquele, que por diversos motivos, não tinha os meios de produzir a sua sobrevivência e dessa forma não tinham outra opção, a não ser se submeterem às ordens de um patrão e à rotina extenuante da jornada de trabalho. O salário na verdade passa a ser a última e/ou única opção para aqueles que não desejavam a marginalidade.
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