trabalho de história
A contemporaneidade tem sido assolada por um espectro que a vem assombrando ao longo desse último século: é a chamada agonia ou ansiedade da influência. A grande profusão de tendências artísticas variadas e a forma velocíssima com que os movimentos responsáveis pela sua propagação seguiram o seu curso durante os últimos 150 anos geraram a impressão de que tudo já foi testado e experimentado nas múltiplas manifestações da arte.Qualquer empreendimento estaria fadado a se impregnar por ecos do que se produziu em épocas anteriores e isso, para o artista que havia descoberto a sua individualidade a tão pouco tempo, soou como uma terrível e inquietante descoberta.
Mesmo desmitificando a noção de que a pós-modernidade era iconoclasta , mesmo asseverando o fato de que não houve verdadeiro rompimento, mas continuidade, num certo sentido, no homem cético e eminentemente vaidoso dos nossos tempos, a impressão de impasse, de se ter, enfim, deparado com um obstáculo intransponível ao avanço da sua evolução e experimentalismo, restou ainda mais potente.
Num mundo no qual uma miríade de novas experiências sensório-criativas já foram produzidas e vivenciadas, será, de fato, possível conceber algo diferente e inovador, apto a estimular de maneira diversa uma humanidade que, possivelmente, já testemunhou de tudo?
A solução para esse dilema reside na percepção de uma verdade bem simples: assim como nunca houve verdadeiro iconoclasmo , nunca houve verdadeira “inovação” no sentido estrito do termo.
Toda a produção artística feita ao longo da história é produto de uma interação constante entre o velho e o novo, mas o “novo” é um prosseguimento, um prolongamento do mais antigo e não uma elaboração que eclode do nada e que a ele retorna ao ser suplantada por um novo e miraculoso sucessor.
A arte é um jogo intertextual perene em que os impulsos criativos se nutrem das experiências anteriores