Trabalho De Geografia
A luta dos camponeses, dos quilombolas e dos índios pela posse da terra e de seus territórios é histórica no Brasil. Pode-se afirmar que a existência dos movimentos camponeses socioterritoriais decorre da insistência das elites nacionais em impedir pela violência o acesso à terra. Durante o período colonial, apenas os “homens de bem da Corte” podiam ter acesso à terra. A simples posse era proibida. Impedia-se que os “homens livres da ordem escravocrata”, ou seja, os escravos recém-libertados, tivessem acesso a ela por meio da Lei de Terras. Instituída em 1850, um de seus dispositivos proibia a ocupação de áreas públicas e determinava a aquisição de terras apenas mediante pagamento em dinheiro. Dessa forma, o poder dos latifundiários foi reforçado e dificultou-se que os afrodescendentes se tornassem também donos de terras no Brasil. Em 2014, um dos maiores expoentes contemporâneos dessa luta, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) completou 30 anos. Coube às Ligas Camponesas, surgidas em 1945, a primeira organização nacional da luta dos camponeses pela terra e pela reforma agrária. Entretanto, com o golpe civil-militar de 1964, as Ligas Camponesas foram desarticuladas e as classes dominantes bloquearam novamente a discussão do acesso à terra. Contraditoriamente, os militares também editaram o Estatuto da Terra, uma lei da reforma agrária, mas nunca a cumpriram. Ao contrário, abriram mais o bacesso para as elites e responderam com violência às lutas dos camponeses posseiros, quilombolas e índios. Assassinatos, ameaças e perseguições às lideranças e àqueles que os apoiavam cresceram. Foi por isso que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) foram criados em socorro aos índios, aos camponeses sem terra e aos afrodescendentes em luta. Desses conflitos e da articulação da luta dos sem-terra de São Paulo, do