Por uma geografia do trabalho
(Reflexões Preliminares)
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Antonio Thomaz Júnior
Misael Goyos
(pelo aprendizado do irmão mais velho!)
“Se a sociedade, tal como é, não contivesse, ocultas, as condições materiais de produção e circulação necessárias a uma sociedade sem classes, todas as tentativas de criá-las seriam quixotescas” K. Marx
Introdução
Diante do desafio de refletir sobre o que pensamos e entendemos ser geografia do trabalho, se impôs o recurso a digressões e mediações imprescindíveis. Tudo isso para que pudéssemos iniciar nosso ensaio orientando os seguintes questionamentos: que trabalho é esse? A geografia a que se refere é aquela que aprendemos nos bancos escolares? Existem afinidades entre Geografia e trabalho? Como a temática do trabalho deverá ser investigada e “lida” pelo olhar do geógrafo, a “leitura” geográfica?
Isso já seria suficiente para aguçar um debate interno muito proveitoso, porém frágil de referenciais teórico-estruturais nesse campo da investigação científica, para este momento.
Ao assumirmos esses limites e, sobretudo, nossas limitações, não vislumbramos apresentar um roteiro a ser seguido pelos pesquisadores em geografia, encimados com a temática do trabalho. Tampouco imaginamos que seria necessário fazermos afirmações prévias, desamparadas das pesquisas, se a geografia do trabalho deve ter esse ou aquele perfil, essa ou aquela marca. E mais, se realmente é um tema a ser abordado pela geografia, ou ainda, como sugerem alguns desavisados, se o trabalho é um tema geográfico. Propomo-nos, sim, a lançar algumas reflexões preliminares ao debate.
Tanto interna quanto externamente à geografia, as indefinições, as precipitações e os preconceitos eclodiram exemplarmente.
De um lado, internamente, se prescreve com antecedência (como é de praxe), o que deve e o que não deve ser geografia do trabalho, quase sempre (ou