Muito se tem debatido, desde os anos 80, sobre o verdadeiro significado das novas políticas sociais, na era neoliberal, para proteger os mais pobres, combatendo a fome e as carências alimentares nas famílias de baixa renda. Em períodos mais agudos de crise essas famílias sofrem mais a dor, fome e destruição dos seus lares, pois não têm qualquer poupança para financiar a sua vida em momentos difíceis. As chamadas “políticas compensatórias” foram as respostas “liberais”, de caráter “humanista”: uma pequena ajuda do Estado, em dinheiro, para comer. Foram engendradas pelos economistas e sociólogos, defensores da redução social do Estado, para compensar o desemprego e, ao mesmo tempo, “cortar despesas” e fazer o “ajuste fiscal” nos países ricos. É uma espécie de esmola estatal -normalmente repassada através de entidades privadas-, sem interferir na dependência dos excluídos, na relação aos seus superiores sociais ou em relação ao Estado “filantrópico”. Paternalismo puro, originário dos teóricos do ajuste nos países ricos, preocupados com a convulsão social causada pelo desemprego. A filantropia, nesta hipótese -originária de um espírito de solidariedade da sociedade civil- passa a ser estatizada, transformando-se numa uma política pública. Os Governos Lula e Dilma não aceitaram esta ideia e romperam, com o Bolsa Família, este paradigma. E o fizeram de forma magnífica: com as condicionalidades de estudo para as crianças, com a oferta de formação ou requalificação profissional, com a reinserção produtiva, com a obrigação dos beneficiados terem controladas as condições de saúde das crianças e com o acompanhamento obrigatório -para as beneficiárias poderem receber dinheiro- da gestação e da natalidade. Um projeto inclusivo, portanto, que leva à autonomia das pessoas que recebem o apoio do Estado, que se choca com quem sempre teimou tratar a miséria como uma concepção simplista de “ajuda” filantrópica. Hoje, os opositores do Bolsa Família são os primeiros a