Trabalho de Antropologia Cultural
1. Por que, na cultura brasileira, é um problema social o homem ser “inferior” à mulher (mais baixo, mais jovem, mais pobre, mais fraco etc)?
R: Porque isso fere o tipo ideal masculino, tão valorizado em nossa cultura, onde o homem e o que se relaciona a ele são sempre vistos como superior e positivo.
Segundo Bourdieu (1998) há uma inserção do masculino e do feminino em uma relação de dicotomia, havendo uma oposição homóloga entre características, onde as expressões com conotações predominantemente “negativas” são atribuídas ao feminino, como embaixo, passivo, imóvel, dentro, fraco, úmido, escuro e as “positivas” ao masculino, como em cima, ativo, móvel, fora, forte, seco, claro. Bourdieu (1999) explica que essa forma de pensamento normaliza a sobreposição dos homens em relação às mulheres, a partir do momento em que forja uma relação de oposição entre as características de um e de outro, possibilitando associa-las a outras relações de diferenças homólogas que são de fato naturais e objetivas, colocando-as em um sistema de divergências, todas igualmente naturais aparentemente.
Sendo assim, o homem que faz jus a dominação masculina, e é o que se espera dele, precisa possuir características que reforcem essa dominação, seja esteticamente, fisicamente, financeiramente, etc. Um homem mais baixo, mais jovem, mais pobre ou mais fraco que uma mulher é um desvio ao tipo ideal, pois não possui traços prevalecentes que são motivos de orgulho.
No texto “Tem Pente Aí? Reflexões sobre a Identidade Masculina” o autor Roberto DaMatta (2010) explicita o quão problemático isso é na sociedade brasileira como um todo, pois todos esses aspectos que teoricamente constituem o masculino são dignos de mérito e realçam a superioridade do homem, sendo estes hierarquizados em seu valor por quanto mais caracteres