Trabalho Brasil Colonial II
Brasil Colonial II
Universidade de São Paulo
O documento possui 23 páginas e foi publicado em O Intendente Câmara, de Marcos Carneiro de Mendonça. É um discurso de D. Rodrigo de Sousa Coutinho sobre a situação dos domínios portugueses no ultramar e consiste em um conjunto de resoluções e planos para os seus problemas, dentre eles os referentes à Real Fazenda, que é “o principal ponto de que dependem todos os outros”, como afirma o autor. Assim sendo, mais da metade do texto é focado nos assuntos referentes à Fazenda, enquanto a outra parte (a primeira) trata de outros temas, como a unidade do Império Ultramarino, a divisão do Brasil e até mesmo questões trabalhistas e ambientalistas. O texto é dirigido ao “S.A.R. o Príncipe Nosso Senhor”, mas ao longo do mesmo o autor se refere aos seus leitores da forma mais elogiosa e cautelosa possível, sem deixar claro para quem mais ele escreve, especificamente. Pela leitura do início do texto eu arrisco dizer que se dirige às “Juntas compostas de Ministros de Estado e de pessoas as mais conspícuas pelos seus empregos e talentos”.
Começarei então com alguns dados biográficos¹ do autor, até mesmo para justificar o seu enfoque nas Minas Gerais e na Real Fazenda. D. Rodrigo de Sousa Coutinho nasceu no norte de Portugal, em 1755, em Chaves. Contudo, cresceu em Lisboa e foi criado junto aos príncipes D. José e D. João. Desde cedo começou a aprender esgrima, cavalaria e dança. D. Rodrigo chegou a ser preso pela Inquisição por libertinagem, pois, ao ingressar na Universidade de Coimbra, conheceu José Anastácio da Cunha que levava os alunos para ler obras de filósofos iluministas, como Voltaire e d’Alembert. Essa privilegiada educação e criação deve ser explicada pelo fato de a então criança ter tido por padrinho de batismo Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro Marquês de Pombal, que tornou-se Primeiro-Ministro português exatamente no mesmo