Escravidão no brasil colonial
Mneme – Revista de Humanidades. UFRN. Caicó (RN), v. 9. n. 24, Set/out. 2008. ISSN 1518-3394.
Disponível em www.cerescaico.ufrn.br/mneme/anais
O ESCRAVISMO NO BRASIL COLONIAL:
A INTERPRETAÇÃO DE NELSON WERNECK SODRÉ
Milton Carlos Costa milton.carlos.costa@hotmail.com Prof. Doutor da Faculdade de Ciências e Letras – UNESP – Campus de Assis
Nelson Werneck Sodré pode ser considerado como um dos mais importantes historiadores-intérpretes do Brasil do século XX. Desde seu trabalho inicial História da literatura brasileira (1938) ele procurou submeter a uma análise rigorosa, que alia erudição e preocupação teórico- metodológica, praticamente todos os aspectos da formação social brasileira. Nesta comunicação, nos ateremos à sua visão da escravidão no Brasil-colônia, recuperando os traços desta última tal como aparecem em dois de seus trabalhos 1.
Comecemos pelo livro O que se deve ler para conhecer o Brasil. Tratando do indígena, o historiador mostra como as relações cordiais iniciais destes com os portugueses foram subvertidas quando os portugueses instalaram o processo de colonização e procuraram escravizar o indígena. Este reagiu com todas as forças de sua cultura à produção escravista à qual se procurava incorporá-lo e foi submetido a uma destruição sistemática.
Passando ao estudo da cana de açúcar na colônia e de seu processo de expansão o autor observa que a introdução do escravo africano na nova área colonial, pelo tráfico negreiro, exigiu dispêndio importante de capital e provocou a concentração da propriedade de terras e a aristocratização da sociedade baseada na cultura açucareira. O açúcar será transformado em produto direcionado aos mercados da Europa e distribuído pela Coroa lusitana em regime monopolista. Na atividade do açúcar aparecem duas faces de caráter distinto: internamente a face produtiva, marcada pelo trabalho escravo e a grande propriedade; externamente, a face