Totalitarismo, violência e cumplicidade no brasil: um olhar sobre infância

Pedro Rodolfo Morelli [e-mail]

Totalitarismo, violência e cumplicidade no Brasil: um olhar sobre infância

Na Europa a partir do século XVIII, a infância começa a ser pensada como uma idade diferente da idade adulta (ÀRIES, 1978) e portanto com necessidades e modos de funcionamento diferentes. Essa concepção cresceu e ganhou visibilidade dentro de uma nova época que surgia em contraposição a anterior. A idade média ou idade das trevas aos poucos, perdia espaço para idade moderna. A idade moderna ou "Modernidade, refere-se ao processo crescente de racionalização da sociedade, ocorrido nos séculos XVIII e XIX, que acompanhou a expansão capitalista" (CASTRO, 1998). No decorrer da nossa reflexão tentaremos, compreender o homem moderno, como meio de compreender a infância. Para Dumont, o homem moderno é o homem individualista. No "individualismo, cada homem é uma encarnação da humanidade inteira, e como tal é igual a qualquer outro, é livre". (DUMONT, 1983 apud SCHIO, 2006). O sujeito individualista é o que chamaremos no texto de "homem do liberalismo", referindo-se também a corrente política e econômica na qual ele se inscreve. No intuito de compreender a infância, relacionaremos esse homem e sua visão liberal de mundo, com os fenômenos totalitários do século XX, principalmente o nazismo e o fascismo. A infância da qual falaremos é atravessada por todos esses fenômenos que estiveram presentes desde o seu surgimento, no século XVIII. Além dos segmentos já citados, a infância também é atravessada por outros fatores, emergentes da modernidade, como a valorização da racionalidade, do progresso e do saber científico, juntamente com a ascensão e expansão do capitalismo industrial. A expansão capitalista, que elevou a burguesia como classe social, foi decisiva para modulação de modos de vida diferentes da sociedade pré-capitalista. Um modo de vida burguês, com o aval da religião e