Todo poder aos sovietes
No século XIX, Karl Marx já indicava que as desigualdades do sistema capitalista abririam portas para que as massas trabalhadoras viessem a tomar o poder e baseado nessas ideias, experiências como a Comuna de Paris (1871) e a Revolução Russa (1917) permitiram sistematizações teóricas e propostas que retomaram o problema da representação política e da delegação de poder (Engenhos de sonhos).
É com base nesses aspectos que Alan Wood, professor de história da Rússia na Universidade de Lancaster, escreve “As origens da Revolução Russa” (Ática, 1991, 80 páginas) que aborda as causas e os rumos da revolução desde a emancipação dos camponeses da Rússia em 1861 até a tomada do poder político pelos bolcheviques em 1917, e esta resenha tem como objetivo explanar aspectos importantes desta obra.
O autor, nas primeiras páginas da obra apresenta um quadro cronológico de todos os fatos abordados no decorrer do livro o que facilita a compreensão do leitor, para que este entenda melhor a sequência dos acontecimentos predecessores da Revolução.
Logo de inicio, o autor expõe claramente que a economia russa possuía um evidente atraso com características do sistema feudal, o que levava a população principalmente camponesa a ser “explorada, espoliados e confinados, ao mesmo tempo em que continuavam mergulhados em um vasto lodaçal de ignorância, miséria, superstição e fome periódica” (p.14). Sem contar que a dinastia czarista que regia a Rússia era marcada por autocratas absolutista “uma palavra do czar era suficiente para alterar, suprimir, ou abolir qualquer legislação ou instituição existente” (p.15). A situação do povo não era nada fácil tanto que o autor afirma que a revolução sempre constou na agenda tanto da autocracia quanto da oposição.
Como um dos fatores principais, Alan Wood refere-se à emancipação dos servos em 1861, visto que a abolição da servidão na Rússia desencadeou uma série de transformações sociais e marcou uma crescente