Toda literatura tem dois lados
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A literatura infantil surgiu no século XVIII, quando a criança passou a ser vista como criança. Antes elas participavam da vida social adulta em casa, no trabalho e até mesmo nos tribunais. As crianças nobres das cidades liam os grandes clássicos e as mais pobres liam lendas e contos folclóricos (literatura de cordel) muito populares na época. Como tudo evolui, esse tipo de literatura também evoluiu para atingir ao público infantil: os clássicos sofreram adaptações e os contos folclóricos serviram de inspiração para os contos de fadas. A fantasia está na liberdade da imaginação, em deixa-la flutuar por sua livre vontade sem a colocação de freios, sem direção. É acreditar que o bem e o belo podem se manifestar de diversas formas e que tem significações próprias para cada um. Quando lemos um conto de fadas somos atingidos por uma áurea de fantasia que nos transporta para um mundo de imaginação, envolto em uma névoa que embora indescritível é suficiente para justificar um ambiente onde tudo é possível, não necessitando de muita explicação. Betelheim, no livro “A Psicanálise dos Contos de fada”, decanta é como as situações presentes nos contos de fada podem ser identificadas com as sensações, os temores que as crianças enfrentam e as situações novas que se apresentam que elas não sabem lidar. Os predicados humanos que os personagens apresentam são sempre básicos e, portanto, de fácil compreensão. O maniqueísmo aparece como um fator que permite que essa compreensão aconteça. Os personagens são bons ou ruins, egoístas ou generosos, falsos ou legais sem muita necessidade de explicações. Não existem “meias-palavras”, textos de “entrelinhas” ou situações que irão expor o verdadeiro caráter de uma pessoa. Na prática, o conto de fadas da Cinderela, por exemplo, trata do abandono paterno e materno - quando o pai casa e deixa a filha com a madrasta. A mãe mal é citada. “Uma menina por volta dos seus cinco anos, que tem uma família em conflitos