Tipologia das policias
O autor começa a sua obra dizendo que na França, a polícia não está a trabalho da sociedade, e sim, existe como um instrumento de dominação do povo a serviço do Estado para protegê-lo dos opositores, assegurando o cumprimento das normas, através de ações classificadas em três diferentes estágios: dissuasão, coerção física e imposição da autoridade.
“A força é um instrumento de dominação que sustenta o poder político quando este não procede de um consentimento unânime, ou não está fundado exclusivamente no carisma. Ela é um instrumento de luta contra o desvio deliberado. É um meio de imposição das normas coletivas e de socialização aos valores dominantes.” (P.281)
O autor segue dizendo que a polícia francesa possui três ofícios bem distintos entre si, podendo ser dividida em três polícias diferentes, cada qual com seu próprio fundamento histórico.
1. A Polícia da Ordem ou Polícia de Soberania: oriunda do exército, redes de espionagem e de vigilância interna, é um braço armado do Estado, e possui três ramos, o primeiro é uma policia militarizada que usa de violência para dominar as manifestações sociais, o segundo é uma polícia de inteligência, que tem por objetivo proteger os governantes de golpes de oposicionistas, o terceiro é uma polícia de fronteiras responsável por assuntos de imigração e emigração. Os atos da Polícia de Soberania encontram respaldo no Estado e não no direito, usando de artifícios como o segredo-defesa para legitimar as infrações às leis.
“Essa policia de soberania está inteiramente nas mão e sob a autoridade exclusiva do poder. Formalmente obrigada pelo direito, ela o é na prática pela razão do Estado (desse ponto de vista, o “segredo-defesa” constitui uma pseudo-categoria jurídica que serve para dar uma pseudo-legalidade a expressão pura da razão do Estado ou do direito do mais forte).” (P.282)
Como essa polícia está ligada aos governantes, toda vez que o poder muda de mãos, essa polícia sofre uma rígida