Textos orais e Textos escritos
A vaguidão especifica
“As mulheres têm uma maneira de falar que e chamo de vago- especifica.”
Richard Gehman
- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando choveu?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse pra ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima?
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
- Está bem, vou ver como.
No texto, o autor revela ironia ao atribuir às mulheres o falar de modo vago e por meio de elipses. No entanto, tais características são próprias do texto oral, em que a interação face- a- face permite que os interlocutores, situados no mesmo tempo e espaço, preencham as lacunas ali existentes, já que ambos, ancorados em dados contexto e no conhecimento partilhado que possuem, são capazes de compreender e produzir sentido ao que se diz.
A distinção entre essas duas modalidades de uso da língua, proposta por Marcuschi:
A fala seria uma forma de produção textual- discursiva para fins comunicativos na modalidade oral. Caracteriza-se pelo uso da língua na sua forma de sons sistematicamente articulados e significativos, bem como nos aspectos prosódicos e recursos expressivos como a gestualidade, os movimentos do corpo e a mimica.
A escrita, por sua vez, seria um modo de produção textual- discursiva para fins comunicativos com certas especificidades materiais e se caracterizaria por