Texto Projetar e ensinar
O verbo ensinar, quando se refere ao projeto arquitetônico, tem um sentido muito diferente de quando aplicado à outras áreas do conhecimento.
Se o projeto não pode ser ensinado, como dizem muitos, certamente pode ser aprendido. Esse aprendizado se dá na própria prática de projetos, pela repetição de um procedimento e pelo acúmulo de conhecimentos que acarreta. A transmissão de conhecimentos arquitetônicos se dá também por exemplo, seja apresentando e discutindo projetos do próprio professor, seja pelo estudo de arquiteturas exemplares.
Nenhum processo de aprendizagem nas áreas que envolvem criatividade é possível se o professor não possuir e souber apresentar uma visão clara, precisa e abrangente sobre a sua disciplina. Por isso, de muitos modos o ensino se confunde com a prática, e o conteúdo didático de qualquer professor só pode estar vinculado ao modo em que projeta e vê a arquitetura. O que segue é minha visão pessoal sobre o projeto arquitetônico, base da minha prática profissional e da minha atividade docente. Como tal, é relativa e não pretende ser a única verdade sobre o assunto, embora eu acredite fortemente na sua validade.
A crise disciplinar A crise disciplinar a que me refiro pode ser definida por uma série de fenômenos que afetam a arquitetura e o urbanismo internamente e a sua reputação, pois é evidente o retrocesso da sua influência sobre as decisões que emanam da sociedade. Uma das origens dessa crise é o fenômeno da globalização o qual, embora nem todos se dêem conta disso, vem moldando o mundo ocidental nos últimos cinqüenta anos.
De modo resumido, a situação atual se caracteriza pelos seguintes sintomas (2):
Perda da influência que a arquitetura gozava até meados do século XX como centro ideológico do modernismo, e sua conseqüente decadência como profissão relevante aos olhos da sociedade. Prova disso é o fato de que a maior parte das decisões sobre o meio ambiente construído ou os objetos de uso já não estão nas mãos de