Texto pessoal
Eu fui inútil.
Segurei em meus braços Bianca que cuspia sangue e ensanguentava meu corpo enquanto morria. Vi a única pessoa que pode me amar ser levada diante dos meus olhos. Fugi sem fazer nada.
Sim, eu sou inútil.
Fechei os olhos. Consegui ouvir mais uma vez a doce voz de Dimitri que dizia tudo o que mais me agradava, suas palavras sábias sobre a vida e o quanto me amava. Mas um grito de agonia interrompeu o meu ultimo momento de felicidade. Não era possível ficar nisso a vida inteira, parada e passando frio, pensando em tudo o que sofri, ouvindo gritos e vendo o baixo fogo que nunca acabava. Talvez ser inútil não seja meu ponto forte.
Isso tudo seria uma vingança pela minha melhor amiga e por quem amava, pelas ultimas duas pessoas que me restaram. Era preciso voltar ao ponto de partida.
E lá estava eu mais uma vez.
Estava sentada no chão do canto da parede de um quarto, em cima de uma pequena poça de sangue que aparentava vir do meu braço. Como eu ainda estava viva? Os cortes eram profundos, e aquilo ardia como nunca, eu ainda sentia a forte angustia vinda do meu peito. Uma lágrima escorreu então dos meus olhos.
A minha volta reconheci ser meu antigo quarto. Via tudo bagunçado, o espelho quebrado e cacos de vidros espalhados por tudo.
Com dificuldade de levantar, me debrucei na cama que estava ao meu lado, gastando minha força com aquele pequeno esforço enquanto manchava os lençóis bagunçados com meu sangue. Segui em direção ao banheiro, sentindo meu rosto arder juntamente á parte de trás da minha cabeça.
Parada á frente do espelho me via por inteira, com aquele cabelo vermelho e bagunçado, olhos escuros, e não sabia se eram por causa das