Teste
Arthur ARAÚJO1
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RESUMO: A partir do texto do físico alemão E.Schroedinger, O que é vida? (1943), analisam-se os possíveis limites de demarcação conceitual entre física e biologia. Há um limite possível entre física e biologia? Ou a biologia pode ser reduzida à física? Avaliam-se diferentes pontos de vista entre cientistas e filósofos. PALAVRAS-CHAVE: física; biologia; limites; reducionismo; evolução.
O sol largo como uma folha Anaxímens de Mileto (cerca de 585-528 a.C.)
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Introdução
Que limites possíveis de demarcação podemos estabelecer entre os domínios da física e da biologia? Que critério de demarcação conceitual podemos aplicar aos possíveis limites entre o que é estritamente físico ou biológico no mundo? O velho Aristóteles já parece assinalar um possível limite entre a natureza física e a natureza animada das coisas no mundo. A Física de Aristóteles (Física, 192b 13-4) tem como objeto o princípio de movimento e mudança das coisas em si mesmas na sua natureza própria (physis). Mas quanto à natureza das coisas animadas, por oposição às coisas inanimadas (pedras, montanhas, etc), Aristóteles (De Anima, 415a 25-b1) introduz o
1 Professor Adjunto do Departamento de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Goiás-UFG. Artigo recebido em set/06 e aprovado para publicação em nov/06.
Trans/Form/Ação, São Paulo, 29(2): 19-31, 2006
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princípio de vida, ou psykhé, e igualmente inclui as plantas entre homem e animais – a alma ou psykhé é o princípio vital dos seres animados ou dotados de ânimo (movimento próprio, geração, reprodução, alimentação, etc). Na teoria aristotélica das causas, por outro lado, podemos identificar um conceito embrionário de “evolução”, na definição das causas “formal” e “eficiente” que corresponde, respectivamente e em termos biológicos, à forma (estrutura ou organização físico-anatômico) do ser vivo e à capacidade