Terrorismo e Crime
Exacerbado pelas muitas fronteiras porosas, pelos baixos padrões de vida e pela tensão política e social em África, o terrorismo surge cada vez mais ligado ao crime organizado no continente. «No passado, o terrorismo estava ligado aos movimentos de libertação, a pretexto da criação de um Estado, ou tinha base nas diferenças de religião, mas ao olhar-se para a lista de grupos terroristas activos em África, poderá ver-se que não é o caso. Está ligado a muitas actividades do crime organizado transnacional», avalia Jean-Paul Laborde, chefe da UNODC/TPB, força-tarefa das Nações Unidas para a prevenção do terrorismo.
A formação e treino dos operacionais terroristas são feitos em pequenos campos que mudam de local a cada dois ou três dias. O financiamento é conseguido mediante as rotas de contrabando que existem no corredor do Atlântico ao mar Vermelho e com o sequestro de turistas ocidentais. «No Sahel, o grupo AQMI (Al-Qaeda do Magrebe islâmico) viu os seus cofres cheios em 2011, com resgates de sequestros», verifica a diplomacia norte-americana do Departamento de Estado.
O secretário-geral das Nações Unidas afirma estar «especialmente perturbado com a revelação de o narcotráfico e crime organizado na África Ocidental e Sahel se estarem a aliar a grupos terroristas», diz Ban Ki-moon.
Apesar do êxito do contraterrorismo em perturbar e degradar as capacidades da Al-Qaeda e seus afiliados em África, a ideologia extremista violenta e retórica continua a espalhar-se no continente. Embora não seja uma filial da Al-Qaeda, o grupo Boko Haram lançou ataques generalizados em toda a Nigéria, com destaque para o atentado de Agosto de 2011 contra a sede das Nações Unidas em Abuja, que assinalou a ambição e capacidade do grupo de atacar alvos não nigerianos para impor a lei islâmica no Norte da Nigéria.