Terra Sonâmbula - sobre água

Terra Sonâmbula e toda sua trajetória levou o grupo a uma viagem além da própria história.
Saímos diretamente da África para o Brasil. Melhor dizendo, de Moçambique para o nordeste brasileiro.
Mas porque fizemos essa viagem? A resposta está no tema do nosso trabalho: A água!
Ao pensar em nordeste pensa-se em seca. Seca, desastres, migrantes, Luiz Gonzaga, Vidas Secas de Graciliano Ramos. Embarcamos com a bagagem vazia, que voltou cheia.
Podemos analisar tanto músicas - Asa Branca e Súplica Cearense - de Luiz Gonzaga, quanto Vidas Secas e Terra Sonâmbula. Todos tratam de assuntos em que pessoas largam sua terra, ou nela ficam perdidos, caminhando por estradas sem fim.
Temos em Vidas Secas, um homem (Fabiano) que não desiste de correr atrás de uma vida melhor para sua família que com ele segue pelo sertão em busca de um futuro mais propício.

“Um dia... Sim, quando as secas desaparecessem e tudo andasse direito... Seria que as secas iriam desaparecer e tudo andar certo? Não se sabia.”

O “não se sabia” como resposta soa como falta de esperança. Mas a narrativa é o que prova que o que mais existe dentro dessa família é a vontade de continuar.
Essa vontade de continuar que está presente na crença de esperar pela chuva, de achar um abrigo; e depois, ao saber que ainda existem lugares melhores, persiste na caminhada.
A água, até hoje, é um grande problema para o nordeste, mas felizmente, se mostra menor do que na época em que Graciliano Ramos escreveu o livro, em 1938 e do que nas histórias presentes nas canções de Gonzaga que viveu até 1989.

“Por falta d’água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão...

Espero a chuva cair de novo pra mim voltar pro meu sertão”.

“Oh Senhor, pedi pro sol se esconder um pouquinho. Pedi pra chover, mas chover de mansinho pra ver se nascia uma planta, uma planta no chão”.

Tanto Asa Branca, primeiro trecho, quanto Súplica Cearense, segundo trecho, relatam histórias de homens que se mostram desolados com a seca