Resumo da obra Terra Sonambula
O título Terra Sonâmbula envia o narratário para dois dos componentes principais deste romance: a terra e o sonho. Na epígrafe da obra é explicada uma crença dos habitantes de
Matimati, que consiste em a terra se mover aquando do sono dos homens. No momento em que acordavam viam o novo ambiente em seu redor e sabiam que, naquela noite, o sonho os iluminara. A esta ideia é acrescentada ainda uma fala de Tuahir com o mesmo objectivo: «O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva.» (2) De facto, as menções à terra são diversas, nesta composição, e prendem-se com a noção de que ela é um elemento vivo, que também sofre, porque está em divórcio com os antepassados e, principalmente, caminha à procura de um tempo melhor, tal como as personagens. Muidinga apercebe-se dessa estranha ocorrência e constata igualmente que: nem sempre a estrada se movimenta. Apenas de cada vez que ele lê os cadernos de Kindzu.» (3) Assim, há uma relação directa entre os cadernos e a terra, já que os seus movimentos estão condicionados pela esperança do Homem. Se ele a perder, o chão deixará de se mover em busca de novos dias. A terra tenta, através do sonho, alcançar o renascimento.
Terra Sonâmbula é, essencialmente, um romance de esperança e de procura. Muidinga quer conhecer as suas origens e a sua identidade, enquanto que Kindzu quer encontrar os guerreiros naparamas e Gaspar. Ao longo do texto interseccionam-se estas duas estórias que, no final, acabam por se ligar e provar que ainda se pode acreditar no futuro. Moçambique descobrirá a sua identidade, tal como Muidinga descobrirá as suas raízes.
No primeiro capítulo são apresentadas as duas personagens principais, Tuahir e
Muidinga, o primeiro um homem idoso que contrasta com o seu companheiro, ainda jovem, e que representam o encontro entre duas gerações, dois tempos, e os conflitos daí decorrentes. É igualmente neste momento