Terra Preta de Índio
Estes solos misteriosos podem ser encontrados também por toda a região amazônica, de Rondônia ao Pará. Na literatura científica, costumam ser chamados de “terra preta arqueológica” ou “terra preta de índio”. Entre os agricultores, é conhecida apenas como terra preta. Eles a identificam pela cor escura, pela alta fertilidade e pelos fragmentos de cerâmica que costumam ser encontrados, soterrados ou espalhados sobre a superfície.
Quando se pensa em Floresta Amazônica, muita gente tem a ideia de que há centenas de anos ela era uma mata virgem, intocada. Estudos de diversas áreas estão derrubando essa teoria. A floresta não só foi densamente povoada como estes povos foram responsáveis por uma das maiores riquezas da região, um solo altamente fértil: a terra preta de índio.
A floresta exuberante esconde um solo fraco e argiloso. A riqueza dele vem da decomposição de galhos, folhas e animais. Mas na imensidão da Região Amazônica existem manchas de um solo bem diferente. A terra muda de cor conforme a profundidade. No fundo, é amarelada e argilosa. Na superfície, é preta. Essa é a terra preta de índio, uma terra fértil e cheia de histórias.
Uma análise da terra preta revelou a presença de grande quantidade de minerais como cálcio, magnésio e fósforo, bem como de matéria orgânica. Também chama a atenção a estabilidade dos nutrientes armazenados nesse solo. Na Amazônia, as altas temperaturas e a umidade costumam fazer a matéria orgânica e os nutrientes armazenados no solo terem vida curta. De um lado estavam os que defendiam uma origem natural, independente da ação humana, do outro, os que enxergavam nelas o resultado de uma intervenção do ser humano na paisagem. “Hoje em dia é praticamente consensual a visão de que a terra preta foi criada pelos povos indígenas que viviam na Amazônia antes do descobrimento”, afirma o arqueólogo Eduardo Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Há os que defendem que esses solos surgiram nos