arqueologia
As Terras Pretas de Índio na Amazônia
Evolução do Conhecimento em Terra Preta de Índio
Dirse Clara Kern
Nestor Kämpf
William I. Woods
William M. Denevan
Marcondes Lima da Costa
Francisco Juvenal Lima Frazão
Win Sombroek in memoriun
A Amazônia é, com freqüência, vista como um ambiente uniforme de alta pluviosidade e altas temperaturas, representado pela floresta tropical úmida densa com solos ácidos e pobres em nutrientes.
Na realidade, as condições ambientais na Amazônia são muito mais diversificadas, e a ampla diversidade das condições climáticas é acompanhada por variações na vegetação, nos tipos e nas propriedades dos solos (Sombroek, 2000). Evidências arqueológicas indicam que atividades humanas antigas nos habitats amazônicos transformaram significativamente as paisagens na vizinhança dos seus assentamentos, notadamente no pré-histórico tardio. Um registro marcante a respeito disso são as áreas de solo que foram afetadas pelo homem pré-histórico, que apresentam cor escura, restos de material arqueológico (fragmentos cerâmicos e de artefatos líticos) e alto teor de Ca, Mg, Zn, Mn, P e
C. Em função da coloração escura da camada superficial, tais solos são conhecidos como Terra Preta
Arqueológica (TPA), Terra Preta de Índio (TPI) ou Terra Preta (TP), além de uma variante menos divulgada, a terra mulata (Sombroek, 1966; Kern & Kämpf 1989). A coloração escura deve-se principalmente à presença de material orgânico decomposto, em parte na forma de carvão residual de fogueiras domésticas e da queima da vegetação para uso agrícola do solo. Os elevados teores de C orgânico, bem como os de P, Ca e de Mg, são resultantes da deposição de cinzas, resíduos de peixes, conchas, caça, dejetos humanos, entre outros compostos orgânicos. Por essa razão, a fertilidade química da TP é significativamente superior à maioria dos solos amazônicos não perturbados pela atividade humana pré-histórica, geralmente ácidos e pobres em nutrientes