Terapia ocupacional e nise da silveira
Nascida em Maceió, Nise da Silveira deixou Alagoas para estudar medicina na Bahia. Foi a única mulher numa turma de 157 rapazes. A formatura foi em 1926 e, já no ano seguinte, Nise rumou para o Rio de Janeiro a fim de procurar trabalho. No entanto foi só em 1933, quando passou em um concurso público, que sua vida profissional se cruzou com a psiquiatria para não mais se dissociarem.
Presa em 1936, acusada de comunista, Nise conheceu a privação de liberdade. A experiência teria no futuro influência determinante na condução de suas técnicas de tratamento, que evitavam ao máximo o enclausuramento das pessoas com transtornos mentais.
"...Egas Moniz, que ganhou o prêmio Nobel, tinha inventando a lobotomia. Outras novidades eram o eletrochoque, o choque de insulina e o de cardiazol. Fui trabalhar numa enfermaria com um médico inteligente, mas que estava adaptado àquelas inovações. Então me disse: 'A senhora vai aprender as novas técnicas de tratamento. Vamos começar pelo eletrochoque.' Paramos diante da cama de um doente que estava ali para tomar eletrochoque. O psiquiatra apertou o botão e o homem entrou em convulsão. Ele mandou levar aquele paciente para a enfermeira e pediu que trouxessem outro. Quando o novo paciente ficou pronto para a aplicação do choque, o médico me disse: 'Aperte o botão.' E eu respondi: 'Não aperto.' Aí começou a rebelde."*
E foi quando não apertou o botão do eletrochoque que Nise da Silveira começou - com sua rebeldia - uma revolução.
Voltou ao serviço público em 1944, indo trabalhar no Centro Psiquiátrico Nacional (CPN), no bairro carioca do Engenho de Dentro. Por causa de sua discordância com as técnicas então usadas e celebradas - eletrochoque, choque de insulina, de cardiazol e lobotomia, entre outros -, foi trabalhar no único setor do hospital onde não tinha que lidar com esses métodos: o de terapia ocupacional.
Fez da, até então, secundária e subalterna terapia ocupacional evidente. Apostava que as atividades