Terapia de casal
Vivemos em uma época de muitas mudanças e contradições. Por exemplo, na classe média os jovens estão saindo de casa cada vez mais tarde, pressionados pela crise econômica e pela popularização dos cursos de pós-graduação, mas também é frequente encontrar muitos casais jovens que vivem juntos sem o vínculo legal do matrimônio. Em vários países, fatores diversos contribuem para que pelo menos 30% dos casais separem-se ao longo da vida. Para aqueles que se casaram nos Estados Unidos a partir de 1995, este índice chega a 50%. Dos que se separam, a maioria volta a casar, sendo que a taxa de separações no segundo casamento sobe para 60%. Dos homens que se separam pela segunda vez, a maioria volta a casar novamente: As pessoas estão se separando mais e continuam casando e recasando. Portanto, não é correto afirmar que o casamento é uma instituição falida ou que está acabando. Ele está é se complexificando, porque o ser humano ainda não encontrou outra forma melhor de satisfazer suas necessidades básicas de segurança e intimidade, bem como de criar filhos. Na prática clínica, dentro deste quadro, estima-se que metade dos pacientes casados tenham como queixa principal dificuldades conjugais e que outros 25% apresentem problemas associados ao casamento (Sager, 1978). A nova realidade está também associada à influência do movimento feminista, que trouxe importantes contribuições para mudanças culturais em nossa sociedade. Sua postura contra a situação concreta de desigualdade, de menor poder da mulher, alertou os profissionais para não deixar de lado o dado básico de que na atualidade, com ambos trabalhando fora, na maioria das vezes as mulheres se ocupam dentro de casa, na média, duas horas diárias a mais que os homens, comprovando, assim, a tese da "dupla jornada de trabalho" (Carter, 1992). Por isso, é muito comum o casal que se apresenta para a terapia com a mulher muito insatisfeita e deprimida, tomando iniciativa para o